eu nunca aspirei à mão de um homem como vós para minha filha. Tancredo de ***, quem vos não conhece? Sois grande, sois rico, sois respeitado; e nós, senhor? Nós que somos?! Ah! Vós não podeis desejar para vossa esposa a minha pobre Úrsula. Seu pai, senhor, era um pobre lavrador sem nome, e sem fortuna.
O mancebo sorriu-se, e redarguiu-lhe:
— Então recusai-me a mão de vossa filha?
— Oh! Senhor, – tornou Luísa – minha filha é uma pobre órfã, que só tem a seu favor a inocência, e a pureza de sua alma.
— Úrsula, – disse o mancebo, voltando-se para a donzela – pelo amor do céu, fazei conhecer à vossa mãe a lealdade dos meus sentimentos.
Então a desvelada mãe, procurando ler no coração do jovem Tancredo, e no de sua filha, o sentimento que os animava, e elevando a Deus seu pensamento, por alguns segundos guardou silêncio, que ninguém ousou interromper, e depois, erguendo as mãos ambas ao céu, disse:
— Tomo-vos por testemunha, meu Deus, de que as minhas intenções são puras.
E acenando para os dois jovens, que a escutavam, disse-lhes:
— Aproximai-vos.
Então Úrsula ajoelhou aos pés do leito de sua mãe, e Tancredo, imitando-a, dobrou também os joelhos, e unidos assim, e cheios de respeito, de amor, e de veneração, aguardaram um gesto, ou uma palavra dessa mulher, a quem o amor materno tornava nessa hora tão radiante de celeste beleza.
E depois de uma breve pausa, ela exclamou solenemente: