Susana, chama-se ela, trajava uma saia de grosseiro tecido de algodão preto, cuja orla chegava-lhe ao meio das pernas magras, e descarnadas como todo o seu corpo: na cabeça tinha cingido um lenço encarnado e amarelo, que mal lhe ocultava as alvíssimas cãs.
Túlio estava ante ela com os braços cruzados sobre o peito. Em seu semblante transparecia um quê de dor mal reprimida, que denunciava o seu profundo pesar.
A velha deixou o fuso em que fiava, ergueu-se sem olhá-lo, tomou o cachimbo, encheu-o de tabaco, acendeu-o, tirou dele algumas baforadas de fumo, e de novo sentou-se: mas dessa vez não pegou no fuso.
Fitou então os olhos em Túlio, e disse-lhe:
— Onde vais, Túlio?
— Acompanhar o senhor Tancredo de *** – respondeu o interpelado.
— Acompanhar o senhor Tancredo! – continuou a velha com acento repreensivo – Sabes tu o que fazes? Túlio, Túlio!...
Depois de pausa, ajuntou:
— Não sentes saudades desta casa, ingrato?!
— Não, mãe Susana, não me alcunheis de ingrato. Quantas saudades levo eu de vós! Oh só Deus sabe quanto me pesam elas!
— Tu!? – exclamou ela procurando ler-lhe no fundo do coração os sentimentos, que o animavam. – Tu não levas saudades algumas. Túlio, se as levasses, quem te obrigaria a deixar-nos?
— A gratidão – respondeu ele com presteza.
— A gratidão!? E não a deves à senhora, que para ti tem sido quase que uma mãe? Não a deves à menina? E