ERNESTO – Sabes que ainda sou estudante, e por conseguinte não tenho grande abundância de dinheiro; vindo passar aqui as férias, julguei que a mesada que o meu pai me dava chegasse para as minhas despesas. Mas na corte são tantos os prazeres e divertimentos, que quanto se tenha, gasta-se; e gasta-se mesmo mais do que se tem. Foi o que me sucedeu. HENRIQUE – Fizeste algumas dívidas? Não é isso? ERNESTO – Justamente: procedi mal. Mas que queres? Encontrei no Rio de Janeiro uma coisa que eu não conhecia senão de nome – o crédito; hoje que experimentei os seus efeitos não posso deixar de confessar que é uma instituição maravilhosa. HENRIQUE – Vale mais do que dinheiro! ERNESTO – Decerto; é a ele que devo ter comprado o que precisava, sem mesmo passar pelo incômodo de pagar. Mas agora vou retirar-me para São Paulo, e não desejava que viessem incomodar meu tio, além de que seria desairoso para mim partir sem ter saldado essas contas. HENRIQUE – Tens razão; um homem honesto pode demorar por necessidade