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XII

 

«Dizia Goethe, com razão e graça, que um poeta, emquanto apenas dispõe de uma rica idéa, não possue ainda couza nenhuma.

«Em materia de poezia, a espressão é tudo; com a condição, está visto, de ser a espressão de alguma couza, que dentro dela viva e palpite...

«No verso, as idéas e a espressão fundem-se, e não ha meio de as separar. Não creio que haja poetas da fórma e poetas de outra especie. Não sei, de poeta digno desse titulo que valha por obra em estilo atamancado, e não esprima, na lingua de ouro dos versos que ficam, idéas e sensações ainda não ouvidas. Em todos os tempos e de todos os poetas, os versos que ficaram são aqueles que têm a eternidade da perfeição, porque evocam, em fraze per«feita, flagrantemente reprezentativa e modelarmente conciza, algum aspeto dessa maravilhoza, dessa variadissima, dessa inesgotavel paizagem que é a alma humana...»

Compreende-se que, convertido a essa concepção da poezia, certo de que na obra de arte, que