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VERSOS DA MOCIDADE


   Linda pajina solta
Do desfolhado livro de minh’alma!

Ai, o primeiro amor! Quem as não teve,
As ilusões da adolescencia calma
   Antes que a fria neve
   Dos tristes dezenganos
Pela estrada da vida se alastrasse?

   Voam os leves anos,
   E, com os anos, elas
Erguem o vôo alíjero e fugace...

   Olha, são como aquelas
Aves de lindas plumas e voz doce
Que na alegre manhã de um claro dia
   A primavera trouce:
Emquanto um ceu azul resplandecia
Sobre a pompa das arvores em flor,
Toda a floresta palpitava e ria
   No confuzo rumor
De ruflos de aza e cantos de alegria.