76
VERSOS DA MOCIDADE
Garridamente se engrinalda
De flores — e mostra a riqueza
Dos seus vestidos de esmeralda,
Das suas joias de princeza.
Ar domingueiro tudo assume;
Tornam-se, á luz do claro dia,
As flores — cheias de perfume,
As almas — loucas de alegria.
Sim, isto agora é que é outra couza!
Sente-se a gente mais a gosto
Do que por baixo dessa louza:
— O ceu tristissimo de Agosto.
No inverno a fantazia arrasta
O vôo — para a sombra negra
De uma rejião erma e nefasta
Que luz alguma não alegra.
Meu coração, esse estouvado,
Que a luz da aurora contamina,
Sente-se prezo e asfixiado
Entre as paredes da neblina.