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Influência do Império. O Provisório custou rios de dinheiro. Precisava-se de um salão, de um lugar de encontro para a grande gente. Nós não tínhamos palácios, não havia uma educação mundana... Acrescia a falta de cultura das altas classes. Sem que, em geral, tivessem recebido um forte preparo na mocidade, a gente rica, os plantadores, os grandes negociantes, e mesmo os políticos, só podiam compreender a música e a ópera no Teatro — lugar em que pouco se fala. Era preciso uma casa elegante para poli-los com auxílio da arte. A ópera tem esta vantagem, é fácil, compreensível, popular, por mais que os magnatas queiram-na fazer transcendente. Quem, durante vinte, trinta anos, esteve fora das coisas da inteligência, pode compreendê-la do pé para a mão, sem esforço. A ideia do Imperador, ao iniciar uma aristocracia, foi aproveitar essa música para reuni-la, obrigá-la a se encontrar, a se falar, a se casarem entre si. Falhou. A nobreza não se fez e o Lírico degenerou em moda idiota, sempre com o mesmo espírito curto, mas sempre em roda de tolos. Procura exemplo, hoje, na sala do Lírico os grandes nomes de 52. Onde estão? Onde param os filhos, os netos? Não se sabe...

D. Escolástica nada dizia. Naturalmente,