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ra estar em dia com o seu Deus, delle, frequentar as cerimonias religiosas; e não, como a burguezia republicana, para firmar-se nos frades, padres, freiras e irmans de caridade e enriquecer-se ignobilmente, criminosamente, cynicamente, sem caridade e amor, senão aquellas de apparato. Era anti-monastico, mas não maçon.

Para se comprehender bem um homem não se procure saber como officialmente viveu. E' saber como elle morreu; como elle teve o doce prazer de abraçar a Morte e como Ella o abrapou. Depois de contar este grande facto da vida de um amigo, decifrar-lhe-ei os gestos intimos e os seus actos insignificantes exporei. Não ha erro, penso, procedendo assim.

A vida official de Lord Bacon é abjecta e cheia de vilania; mas vêde-lhe as obras, as suas reflexões e, sobretudo, a sua morte são bellas e como eclypsam a sua vida outra!

Tendo imaginado subitamente que a neve podia preservar as carnes da putrefacção, Bacon desceu da sua carruagem em dia de muito frio, já velho era, e entrou em uma palhoça para fazer a experiencia. Comprou um frango, fel-o matar e elle mesmo, com as suas proprias mãos, o encheu de gêlo. Resfriou-se e pouco depois, em casa extranha, pois nem mais forças