tudo isso, aos poucos, lhes vai crestando o viço, a coragem e mesmo o ânimo de estudar. Com os anos, esfriam, não leem mais, embotam-se e desandam a conversar.
Eu me dei com um escriturário que conhecia o zende, o hebraico, além de outros conhecimentos mais ou menos comuns.
Seu pai, que tivera fortuna, mandou-o para Europa muito moço, pelos quatorze anos.
Lá, onde se demorara perto de dez anos, apaixonou-se pela crítica religiosa e estudou com afinco estas antigas línguas sagradas. Perdendo a fortuna, voltou e viu-se, com tão inestimável sabedoria, nas ruas do Rio de Janeiro, sem saber o que fizesse dela.
Nesse tempo, o folhetim estava na moda, e a repetição de umas coisas vulgares de matemática.
O futuro escriturário não dava para o rodapé; declarou-se besta, e fez um concursosinho de amanuense, e foi indo. Ficou como um escolar que sabe geometria a viver num a aldeia de gafanhotos; e, quinze anos depois, veio a morrer, deixando grandes saudades na sua Repartição. Coitado, diziam, tinha tão boa letra!
Gonzaga de Sá não possuía qualquer sabedoria excepcional, mas tinha em compensação vistas suas e próprias; e, de mais, sobre o tal escriturário,