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não tenho superstição de raça, de cor, de sangue, de casta, de coisa alguma. Para mim, só há indivíduos, e eu, mais do que ninguém, pois descendo dos Sás que fundaram esta minha cidade, podia tê-las. Mas sei o que era necessário para tê-las. Precisava, para me considerar nobre, que meus avós tivessem obedecido a todas as regras da nobreza. Eles se casaram em toda a parte, eles nunca se importaram com os seus forais, agora vou eu tolamente gritar por aí, pela rua do Ouvidor: eu sou Sá, nobre, fidalgo, escudeiro etc. etc., pois descendo de Salvador de Sá etc. etc. Isto digo eu que sou Sá!... Agora imagina tu um Fernandes aí qualquer com tais prosápias! Uma instituição só é valida quando é mantida com as suas leis — os nobres aqui degradaram-se porque não respeitaram as regras da Linhagem... Sabes bem o que quer dizer degradar nos códigos de nobreza?.

— Sei! É voltar, por inobservância de disposições deles, ao terceiro estado, onde, para a verdadeira nobreza, está incluída a burguesia. Os Colberts, os antepassados dos grandes ministros...

— Degradaram-se voluntariamente, para ser tapeceiros em Lyon, creio eu, concluiu o meu amigo.