V
O Passeiador
O que me maravilhava em Gonzaga de Sá era o abuso que fazia da faculdade de locomoção. — Encontrava-o em toda parte, e nas horas mais adeantadas. Uma vez; ia eu de trem, vi-o pelas tristes ruas que marginam o inicio da Central; outra vez, era um Domingo, encontreio na praia das Flechas, em Niteroy. Nas ruas da cidade, já não me causava surpresa vel-o. Era em todas, pela manhan e pela tarde. Segui-o uma vez. Gonzaga de Sá andava metros, parava em frente a um sobrado, olhava, olhava e continuava. Subia morros, descia ladeiras, de vagar sempre, e fumando voluptuosamente, com as mãos atraz das costas, agarrando a bengala. Imaginava ao vel-o, nesses tregeitos, que, pelo correr do dia lembrava-se do pé para