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manifestações mais inacreditáveis e aterrorisantes; entretanto, Felismino, quando bate rebites, sorri e antegoza o estrondo que uma parcela do seu sangue vai causar na sociedade. Os companheiros acreditam-no doido, e já porque uma vez ele se tenha referido entusiasticamente às brilhantes qualidades do filho, criou para este dois ou três inimigos. Está sagrado! Quem é mais feliz — pergunto —, Mme. Belasman ou o Sr. Felismino? E, à vista disso, poderás dizer que todas as damas de Petrópolis são felizes e os operários de fundição são desgraçados? Há média possível para a felicidade das classes? Nós, os modernos, nos vamos esquecendo que essas histórias de classe, de povos, de raças, são tipos de gabinete, fabricados para as necessidades de certos edifícios lógicos, mas que fora deles desaparecem completamente: — Não são? Não existem. Compreende-se a esfera, o cubo, o quadrado, em geometria; mas, fora daí, é em vão querer obtê-los. E de tal modo este engano está agitando a nossa opinião, que, parece-me, vai ressurgir o famoso debate escolástico dos “universais”. Tu o conheces, não é?

— Mal.

— Encheu a Idade Média a pergunta: certas ideias gerais são uma realidade? Existem, de fato,