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Graciliano Ramos

plantar-lhe no pé a reuna. O soldado amarello, falto de substancia, ganhava fumaça na companhia dos parceiros. Era bom evital-o. Mas a lembrança delle tornava-se ás vezes horrivel. E Fabiano estava tirando uma desforra. Estimulado pela cachaça, fortalecia-se:

— Cadê o valente? Quem é que tem coragem de dizer que eu sou feio? Appareça um homem.

Lançava o desafio numa fala atrapalhada, com o vago receio de ser ouvido. Ninguem appareceu. E Fabiano roncou alto, gritou que eram todos uns frouxos, uns capados, sim senhor. Depois de muitos berros, suppoz que havia ali perto homens escondidos, com medo delle. Insultou-os:

— Cambada de...

Parou agoniado, suando frio, o boca cheia d’agua, sem atinar com a palavra. Cambada de que? Tinha o nome debaixo da lingua. E a lingua engrossava, perra, Fabiano cuspia, fixava na mulher e nos filhos uns olhos vidrados. Recuou alguns passos, entrou a engulhar. Em seguida approximou-se novamente das luzes, capengando, foi sentar-se na calçada duma