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Graciliano Ramos

ceo. Sinha Victoria precisava falar. Se ficasse calada, seria como um pé de mandacaru, seccando, morrendo. Queria enganar-se, gritar, dizer que era forte, e aquillo tudo, a quentura medonha, as arvores transformadas em garranchos, a immobilidade e o silencio não valiam nada. Chegou-se a Fabiano, amparou-o e amparou-se, esqueceu os objectos proximos, os espinhos, as arribações, os urubus que farejavam carniça. Falou no passado, confundiu-o com o futuro. Não poderiam voltar a ser o que já tinham sido?

Fabiano hesitou, coçou a barba e resmungou, como fazia sempre que lhe dirigiam palavras incomprehensiveis. Mas achou bom que sinha Victoria tivesse puxado conversa. Ia num desespero, o sacco da comida e o aiol começavam a pesar excessivamente. Sinha Victoria fez a pergunta, Fabiano matutou e andou bem meia legua sem sentir. A principio quiz responder que evidentemente elles eram o que tinham sido; depois achou que estavam mudados, mais velhos e mais fracos. Eram outros, para bem dizer. Sinha Victoria insistiu. Não seria bom tornarem a viver como