Que beijava, todo dia:
— “Santo Antonio é quem é causo:
Pra mim não tem mais valia!”

A mulher disse, de novo:
— “Não fique assim tão afflicto!
Adoremos Santo Antonio
Por um modo mais contricto...
Isso é arte do demonio,
Ou tentação do Maldicto...”

Elle, então, diz num suspiro:
— “Faça lá como quizer,
Da forma que parecer-lhe,
Do geito que convier...”
Quando foi no anno seguinte,
Morreu tambem a mulher.

Morrendo a mulher, o homem
Só faltou enlouquecer...
Pelas ruas da cidade
Não pretendia viver,
O coração lhe pedia
Pra se enforcar e morrer.

Tendo enterrado a mulher,
Depois que se viu sosinho,
Correu dentro de uma matta,
Depois saiu num caminho
E viu que atraz vinha um homem
Amontado num burrinho.

Pareceu-lhe que era um Padre,
Olhou pra diante e pra traz:
— “Padre sempre dá conselho,
Eu já sei Padre o que faz,
Nem que elle dê mil conselho:
Eu morro, não volto mais!”