Dez mil réis vem p’r’a algibeira,
Porém hoje eu dou por cinco:
Talvez não ache quem queira!
No “Cancioneiro do Norte, de Rodrigues de Carvalho, intitulada “A peleja da alma” há uma poesia que é, no fundo, a historia d’“O castigo da soberba”; é, porém, diversissima na forma.
Disse, paginas antês, que são mui raras as irreverencias dos cantadores para com os Padres da Igreja Catholica: por isso mesmo entendo que deve ser repetida aqui esta satyra, cuja acquisição foi até motivo de surpreza para mim:
Eu vi se narrar um facto
Que fiquei adimirado:
Um sertanejo me disse
Que no seculo passado
Viu se enterrar um cachorro
Com honras de potentado.
Um inglez tinha um cachorro
De uma grande estimação,
Morreu o dito cachorro
E o inglez disse, então;
— “Mim enterra este cachorro,
Inda que gaste um milhão.”
Foi ao vigario, lhe disse:
— “Morreu cachorro de mim
E urubú do Brasil
Não poderá dar-lhe fim...”
— “Cachorro deixou dinheiro?”
(Perguntou-lhe o Padre assim)
— “Mim quer enterrar cachorro!”
Disse o Vigario: — “ô inglez,
Você pensa que isto aqui