fundo da alma da madrasta; e porventura lhe diminuiu a suspeita, quando a viu contemplar sem irritação nem abatimento a situação nascida de seu esforço único.
Entretanto, a moléstia, que solapava a existência de Luís Garcia, agravou-se por aquele tempo, e o enfermo foi compelido a pedir alguns meses de licença. Chamado a vê-lo, o médico reconheceu que a enfermidade tocava ao desenlace, e com a enfermidade a vida. Não o disse à família, mas não o escondeu de Jorge, quando este diretamente lho perguntou.
— Está condenado à morte, disse ele; a moléstia devorou-o lentamente, mas com segurança. Pode viver dois a três meses.
Jorge ficou aterrado. Os acontecimentos tinham tomado tal feição, que ele já pedia a vida de Luís Garcia. Quem lho dissera alguns anos antes? Não somente padeceria com a morte do enfermo, mas teria de ver padecer Iaiá, de cuja adoração filial era testemunha, e chegou a recear que o golpe lhe fosse fatal. Nada disse; afetou tranqüilidade e indiferença, mas entendeu que os sucessos o designavam a proteger a família e dispunha-se a assumir esse papel, quando fosse ocasião.
Estela não receou