se lhe pegou nas mãos foi por um movimento instintivo; mas quando as sentiu geladas e trêmulas ficou aterrado.

— Que tem, Iaiá? Você padece; vamos, fale, diga-me tudo. Já não me ama?

— Se não o amo! disse vivamente a moça deitando os olhos ao céu, como a tomá-lo por testemunha da sinceridade de seu coração; mas logo depois arrependeu-se e continuou de modo compassado e frio. — Amei-o; não importa saber se muito ou pouco, mas amei-o. O senhor foi a primeira pessoa que me fez bater o coração de um modo diferente do que ele batia; foi a primeira pessoa que me disse palavras novas, que me fizeram bem...

Jorge lançou-lhe o braço à cintura e conchegou-a ao coração. — Pois sim, disse ele; eu repetirei essas palavras em todo o resto da nossa vida. Seja boa, e sobretudo seja franca. Para que há de negar o que se está vendo? Eu sei que ainda me ama...

— Eu? disse a moça deslaçando-se-lhe dos braços. Eu tenho-lhe horror.

Jorge sorriu. — Horror, por quê? disse ele. Mas o gesto da moça veio apagar-lhe o sorriso começado. Iaiá levara as mãos ao seio, como se quisera conter os ímpetos do coração; os olhos luziam-