mas o futuro? A beleza de Estela estava ainda longe do declínio, e a modéstia de Iaiá fazia-a persuadir de que, ainda no declínio, seria superior à sua.

Uma noite, entrou o Sr. Antunes e deu uma carta à filha, que a leu silenciosamente.

— Olha, disse ela apresentando a carta à enteada.

Iaiá leu-a; eram duas páginas escritas de alto a baixo, e por letra desconhecida. Uma antiga condiscípula de Estela, residente no norte de São Paulo, aceitava a proposta que esta lhe fizera, de ir dirigir-lhe o estabelecimento de educação que ali fundara desde alguns meses.

— Bem vês sue é necessário casar-te quanto antes, disse Estela logo que a enteada acabou a leitura.

Iaiá sentiu os olhos úmidos e atirou-se aos braços da madrasta. A efusão era sincera; havia ali afeto, reconhecimento e admiração. Mas, por isso mesmo que era sincera, deveria molestar a madrasta, se alguma. coisa pudesse já molestá-la. Estela sorriu, — um sorriso que queria dizer: — Bem sei que sou demais. A língua, porém, não proferiu uma palavra única.

— Que quer dizer isso? perguntou o pai de Estela,