Se eu fosse amado!...
Se um rosto virgem
Doce vertigem
Me desse n'alma
Turbando a calma
Que me enlanguece!...
Oh! se eu pudesse
Hoje - sequer -
Fartar desejos
Nos longos beijos
Duma mulher!...
Se o peito morto
Doce conforto
Sentisse agora
Na sua dor;
Talvez nest'hora
Viver quisera
Na primavera
De casto amor!
Então minh'alma,
Turbada a calma,
- Harpa vibrada
Por mão de fada -
Como a calhandra
Saúda o dia,
Em meigos cantos
Se exalaria
Na melodia
Dos sonhos meus;
E louca e terna
Nessa vertigem
Amara a virgem
Cantando a Deus!
Avon - 1857.