Para illudir o suspirado encanto

Para illudir o suspirado encanto,
Por quem debalde ha longo tempo ardia,
« Um ninho achei, oh Lesbia (eu lhe dizia)
« Como é dos pães dilicioso o canto!»

Assim doloso me expressava, em quanto
Um alegre alvoroço em Lesbia eu via:
«Ah! onde o deparaste?» (ella inquiria)
«Vem (lhe torno) comigo ao pé do acantho:»

Por um bosque me fui co′os meus amores,
Pergunta aos ramos pelo implume achado,
E respondendo só vão meus furores:

Conhece... quer fugir ao laço armado.
Na encosta a vérgo, que afofavam flores,
Beijo-lhe as iras... fique o mais calado.

  1. MATTOSO, Glauco. Bocage, o desboccado; Bocage, o desbancado. São Paulo: 2002. Disponível em <http://www.elsonfroes.com.br/bocage.htm. Acesso em: 28 maio 2014.
  2. SILVA, Inocêncio Francisco da (Org.). Poesias eroticas, burlescas e satyricas. Bruxellas: [S. n.], 1900. p. 222.