Fora inutil pedir mimos á dhalia,
Perfumes ao jasmim, nos céos da Italia
Da mais nitida estrella a luz buscar.
Fôra inutil trazer incenso arabio,
Ou sorrir divinal de fresco labio
Das mimosas, gentis, netas de Agar,

Fôra inutil na pagina, que escrevo,
Veroneso traçar subtil relêvo,
Pintando imagens de celeste alvôr.
A’ Golconda pedir bello diamante,
E um lindo verso, que escrevera o Dante,
Fora inutil buscar e aqui depôr.

Fora inutil pedir ás Sorrentinas
Uma nota siquer das cavatinas,
Que ellas cantam do amor, meu Deus, tão bem !
Que eu deponho-te aqui maior thesouro,
Que as riquezas de Ophir, que o proprio ouro,
Que o rico sólo do Brazil contem.

E o thesouro, has de vêr, é um nome sancto,
Como dos olhos maternaes um pranto,
Nas horas de partir, valendo o adeus.
Tão doce como as molles serenatas,
Como o som murmurante das cascatas,
Ou qual prece infantil, que sòbe a Deus.

E esse nome, has de vêr, mais puro e bello,
Que do insonte cordeiro o branco velo,
Dos sacrificios, que na Biblia eu li,
E’ doce como o cantico, de uma ave,
Mais doce que do Hymetto o mel suave
Em taça de ouro da mais linda houri.

E esse nome, has de vêr, tem mais poesia,
Que os sons accordes, que David tangia,
Quebrando as iras de feroz Saúl.
Mais bello do que o sòl dourando os bosques,
Do que a lua a bater sobre os kiosques
Da soberba e gentil, molle Stambul.

E esse nome apurado em mil aromas,
Que rescenderam das ambroseas comas
Da virgem, que por mãe Christo escolheu :
Esse nome melhor que um beijo hellenico,
Mais mimoso e melhor que um riso edenico,
Esse nome, Maria, é o nome teu!