Sob os auspícios d’um nosso amigo sahe á luz a segunda edição do Parnaso Mariano. Vai um pouco accrescentada e emendada, mas resentindo-se ainda assim da brevidade com que foi composta no escasso tempo que nos restava de pensões trabalhosas e inadiaveis.
À memória saudosa de dois amigos a consagramos, já pela estima que mutuamente nos ligava, já pela gratidão singular, que lhes devemos, porque muito auxiliaram e animaram a primeira impressão d’este livro. Conselhos proficuos, collaboração prestimosa, tudo nos foi constantemente prodigalizado por sua affeição sincera.
A historia d’este Parnaso acha-se claramente explicada nas palavras seguintes que em tempo dirigimos a quem nos movera e instigara á primeira publicação da obra. São as seguintes:
«Cumpro a minha promessa, começando a enviar-lhe poesias consagradas á Virgem Nossa Senhora por poetas nossos de todos os tempos e escholas, e até de oppostas opiniões. Esta collecção, que lhe mostrei ha pouco tempo, fora feita, por mim sob a fórma d’um diario do mez de Maria, que é o mez de maio; e, findo elle, accrescentei-lhe outras que a tornaram mais copiosa. Gostou V. Ex.ª da minha lembrança, e pensou que tal collecção caberia bem no seu jornal como prova de que a veneração tributada á Mãe de Deus é antiga e constante no nosso paiz. O Marianismo, como alguns lhe chamam, não é uma seita mas sim uma devoção, muito conforme á nossa indole e baseada na tradição nacional. Em todas as epochas os melhores poetas portuguezes afinaram as suas lyras em honra da religião christã, e o assumpto que se lhes tornou mais grato foi sempre o elogio da Virgem Maria. Não ha nisto que admirar: digam o que disserem os espiritos que se chamam fortes, em questão de affecto não têem nada que ver: «Le coeur a ses raisons que la raison ne comprend pas». E este pensamento profundo de Pascal é uma grande verdade.
«Sem seguir nunca a ordem chronologica ir-lhe-ei remettendo successivamente umas ou outras poesias, acompanhadas de algumas linhas que digam respeito a seus auctores. D’esta maneira os que lerem, embora conheçam bem a nossa litteratura e seus ornamentos, acharão em breve compendio algumas ideias que sirvam de complemento natural a cada uma d’estas canções».
Prefacia este livro o nosso venerando amigo e consocio — o sr. Thomaz Blanc, sacerdote exemplar e litterato distincto; e sob tão respeitavel protecção não duvidamos aventurar o nosso livro aos mares da publicidade.
D’outro amigo nosso e illustre conterraneo, o dr. Augusto Rocha, conseguimos a venia de adornar este volume com a sua excellente producção, commemorativa do fallecimento do nosso benemerito patricio, Rodrigues de Gusmão.