A MINHA MULHER
Rasga meus versos, crê na eternidade.
Pedi a Deus um filho que adorasse;
Deus emprestou-m′o só por quatro mezes!
Para sentir assim crueis revezes
Era melhor que Deus não m′o emprestasse.
Fui impio, atheu, feroz! Mas se pensasse
No amor de pae, que nos treslouca ás vezes,
Deus, que é pae também, amargas feses
No meu calix talvez não derramasse.
Perdão, Senhor, eu peço arrependido.
De novo volto á senda, ao velho trilho
De que só me arredei, enlouquecido!
A dôr, da intelligencia offusca o brilho,
E não ha maior dôr, — dôr que has sentido, —
Que a dôr d′um pae que vê morrer um filho,
4 de abril de 1882.