Quando das nuvens do meu ódio ensaio,
Jove um dia, a faísca que fulmina,
E às mãos juntando raio sobre raio,
Agarrado de um astro em fogo à crina.
 
Um pouco desço da mansão divina,
E no vil com crotais ardentes caio,
Eu digo às chamas, que soltei: — Deixai-o:
E o meu perdão a cólera domina:
 
E a harpa doce de Hesíodo sobraço,
E os deuses canto, irmãos do poeta, e a ode
Feita de luz e amor, dando alma ao espaço,
 
Todo meu coração, que é bom, sacode:
Há, nesse instante, um leito em flor que faço,
E aí, sem sustos, dormir o crime pode...