Quero acaso apanhar teu segredo: o que resta
Dentro em teu coração, é verdadeiro ou mente?
Anda um vago perfume em ti perenemente,
Como em casa em que houvesse ou inda há de haver festa.

Há uma voz, que trina em nós, que de repente
Pode ouvir-se cá fora... Arreda-te da testa,
Ó floresta de trança, ó oiro da floresta,
Deixa Ofélia cantar em cima da corrente...

Na corrente de luz, que em tua fronte eu acho,
Alma, Ofélia em delírio, ó visão branca e pura,
Como no mar se busca um morto à luz de um facho,

Para ao menos ter ele em terra sepultura,
Alma... Ofélia gentil, alma da formosura,
Dize se ela me ilude, antes de ir água abaixo?...