Às vezes, uma vida abominanda
Vives no sono, em que a hórrida matula
Dos íncubos e súcubos te manda
O eco do inferno que referve e ulula.
Um mundo torpe nos teus sonhos anda:
O ódio, a perversidade, a inveja, a gula,
Espíritos da terra, sarabanda
Das grosseiras paixões que a treva açula.
Assim, à noite, no ínvio da floresta,
No mistério das sombras, entre os pios
Dos noitibós, o candomblé se apresta:
Batuques de capetas, rodopios
De curupiras e sacis em festa,
Em sinistros risinhos e assobios.