141.
Soneto XXXI.
Quando eu, senhora, em vos os olhos ponho
E vejo o que não vi nunca, nem cri
Que houvesse ca, recolhe se a alma a si
E vou tresvaliando como em sonho.
5Isto passado, quando me desponho
E me quero afirmar se foi assi,
Pasmado e duvidoso do que vi,
M’espanto ás vezes, outras m’avergonho.
Que, tornando ante vos, senhora, tal,
10Quando m’era mister tant’ outra ajuda,
De que me valerei se a alma não val?
Esperando por ela que me acuda,
(E não me acode, e está cuidando em al!)
Afronta o coração, a lingua é muda.
Texto: A f. 14 v. — Var.: B f. 4. — 3 B em si. — 4 E vai. — 8 me envergonho. — 10 Quando havia mister. — 13 acode, está.