Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/A' minha Lyra

A minha lyra.
 

Quando a vida em amargura
Passo triste a suspirar,
A minha lyra affagar
E' que vem sorle tão dura;
Desferindo-a, sóllo ao vento
Queixumes do meu tormento!

Companheira de saudade,
De pranto, e de desventura,
E' ella na soledade,
Que me dá doce ventura,
Que me sópra meiga á vida,
Retardando a sepultura!..

E não sei que mago encanto
Esparge em meu coração,
Que suavisa mcu pranto,
E da vida na illusão,
Me dá horas de ventura,
Calmando a dôr, e paixão.

Doce lyra! meus amores!
Serás minha companhia!
Embora triste, e saudosa,
Tens mysterios, e magia,
Tens só tu mago condão
Em tua doce harmonia!..