Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/A' morte de S. M. Carlos Alberto

A' morte de sua magestade sarda Carlos Alberto
 

Ai de mim já dos finados
O lugubre som ecchoa;
Já o estranhoso canhão
De quarto em quarto resoa!

Tudo jaz silencioso,
E' o silencio da morte;
Tristes ais, sentido pranto
Annunciam fatal corte!

Annunciam, ai de nós!
D'um Monarcha o passamento,
Que exilado nos mostrou
De rara virtude o augmento!

Exultou co'a escolha sua,
Penhorada esta cidade,
Que logo lhe consagrou
Sincera, pura amisade.

Quizeramos longos annos,
Entre nós se demorasse,
E que tranquilla existencia
No paiz nosso gozasse.

Qual de nós o sentimento,
Quando o mal seu começou,
E quando de dia em dia,
Ainda mais se augmentou!

Votos então fervorosos
Todos nós ao Céo fizemos
E nas mãos do Ser Eterno
O destino seu puzemos.

Porém, a Deos não approuve,
Que entre nós vivesse mais!
«Voa ao Céo (elle lhe diz)
«Melhor mundo gozar vais!»

28 de Julho, 1849.