Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/A Nize 2
Penso em ti, mal que desperto,
Penso até ir repousar;
Penso em ti, mesmo dormindo,
Comtigo sempre a sonhar.
Ausente de ti, meu bem,
Como é penoso viver!
A dôr, que eu sinto nest'alma A
E' dificil descrever!
Raia o dia, e sem ventura
Vejo a noute aproximar,
Sem que o remedio eu encontre
Para a saudade abrandar.
Aborreço a companhia,
Só me agrada a solidão,
Melancolicas imagens
Busca só meu coração;
Que possa inspirar-me int'resse,
Nada off'rece a natureza;
Nem ha encantos que seduzam
A quem viu tua belleza!
Este amor tão puro, e forte,
Que por ti senti, ó Nize!
Será pois correspondido?
Amas-me tu inda? - dize?..
E quem sabe?... O tempo, a ausencia,
Do teu amor, que fariam !...
Ah! dize, dize-me breve
Se teu peito mudariam?..
Sim, dize, quero sabel-o,
Saber qual é minha sorte;
Se me ámas, quero a vida,
Se m'esquecestes... a morte!..