Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/Soneto 17
Mote.
A vida sem amor e' sonho, e' nada.
Soneto.
Para no mundo ser lisongeado,
A' minha posição nada faltava;
Riquezas, honras, tit'los desfructava,
E de todos par'cia, que era amado:
Julgavam-me um mortal afortunado,
Que a apparencia assim os enganava...
No meu viver de pranto só buscava
Um bem, que em sonhos linha imaginado...
Té que um dia vi Nize tão formosa,
Que minh'alma ficou enamorada ;
Jurei-lhe eterno amor, e ella amorosa,
O prazer m'exprimiu de ser amada!
E agora digo á sorte venturósa:
A vida sem amor é sonho, é nada!..