A uma amiga.
 
Soneto.
 

Do socego o Deos Cupido invejoso,
Que Anarda ha tanto tempo desfructava,
E ao ver, que do seu culto ella zombava,
Olhando o imperio seu como p'rigoso;

Não soffre ser vencido, e mui raivoso,
Astutas travessuras ideava,
Aljava, fléchas, arco preparava,
E vingar-se protesta furioso!

Um joven mui gentil faz que ella aviste,
Que vendo-se uma vez jamais s'esquece,
E a quem o coração nunca resiste!..

Ama Anarda, suspira, oh! estremece;
Quer fugir; mas é tarde, ella desiste,
E já á lei d'amor cega obedece!..