Feito no tempo em que a peste grassava em Lisboa
 
Soneto.
 

Que macilento aspecto, saudoso,
A formosa Lisboa hoje apresenta!
Envolta em negro manto, ella lamenta
Os filhos, que lhe rouba o fado iroso:

Aqui, alem, um carro luctuoso
Redobra triste pranto, a magoa augmenta;
Da mãe, do orfãosinho a dor violenta
Forma um quadro d'angustia lastimoso!

Em meio d'este horror, um moço ousado,
Pedro Quinto, o Monarcha mais querido,
Não temendo da peste o resultado,

O enfermo já anima esmorecido,
Manda seu cofre abrir ao desgraçado,
O Heroe só de si se ha esquecido!..

Porto 17 de Novembro de 1857.