Por que mentias, leviana e bela,
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre?... e minha vida
Tu vias desmaiar... por que mentias?
 
Acordei da ilusão! a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
 
Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!

Sabe este pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!
 
Vê minha palidez: a febre lenta...
Este fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito... Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias



Toda aquela mulher tem a pureza
Que exala o jasmineiro no perfume,
Lampeja seu olhar nos olhos negros
Como, em noite d'escuro, um vagalume...
 
Que suave moreno o de seu rosto!
A alma parece que seu corpo inflama...
Ilude até que sobre os lábios dela
Na cor vermelha tem errante chama...
 
E quem dirá, meu Deus! que a lira d'alma

Ali não tem um som — nem de falsete!
E, sob a imagem de aparente fogo,
É frio o coração como um sorvete!