Príncepe Excelso, em lúgubre masmorra
A que jamais dá luz do Sol o facho,
Geme ao som do grilhão infame e baixo,
Sem ter piedosa mão, que me socorra.
Por mais que pense e que discorra,
Em minha vida um crime só não acho,
Seja qual meu delicto, o meu despacho
Que me soltem, mandai, ou que enfim morra.
Quem culpa cometeu, é bem que pague,
Em cadeia fatal, que o pé lhe oprime
Com lágrimas de dor embora alague.
Porém não consintais que se lastime
Na mesma estância, e em confusão se esmague
A singela inocência a par do crime.
Poema dedicado ao Regente D. João VI, Príncipe do Brasil, onde o poeta proclama a sua inocência.