Primaveras romanticas (1872)/Poesias diversas/Intimidade

V
INTIMIDADE [1]

Quando, sorrindo, vaes passando, e toda
Essa gente te mira cubiçosa,
És bella — e se te não comparo á rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...

Anda-me ás vezes a cabeça á roda,
Atraz de ti tambem, flôr caprichosa!
Nem póde haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e douda.

Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu córas e sorris a mêdo,
Que me apraz vêr-te e que te adoro, flôr!

E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Christo,
Juras — mentindo — que me tens amor...

186...

  1. Tanto este soneto, como os versos a Baudelaire, foram em tempo publicados com um pseudonymo.