Quando a morte de Abner David sentia,
Mandou a seus vassalos, que chorassem,
E que em lágrimas todos publicassem
Quanto o Reino lhe deve, e o Rei devia.
Cada qual seu tormento repetia,
Sem querer, que os dos outros o igualassem
E todos procuravam, que mostrassem
As lágrimas dilúvio, a dor porfia.
Pois se a morte de Abner se sente tanto,
Só por ser General valente, e forte,
Que move o Reino, e Rei a tanto pranto:
Lamente Portugal, e sinta a Corte
A morte de Marialva, porque espanto
Foi do mundo, e o pudera ser da Morte.