À Açucena
Quando alentas por glória do sentido
O fermoso candor, que Abril enflora;
Não te aplaude, Açucena, a linda Flora,
Nevada estrela sim no Céu florido.
Entre aplausos do adorno embranquecido,
Quando ao prado amanhece a bela Aurora,
No luminos'Oriente ũa Alva chora,
Outra Alva nasce no jardim luzido.
Teme o fim, flor ufana, que a temê-lo
A própria fermosura te convida,
Que há de abrasar-se no solar desvelo:
Porque aos raios do sol pouco advertida,
Neve te julgo já no candor belo,
Neve te julgo já na frágil vida.