Ao cravo
Quando rei dos floridos esplendores,
Te reconhece Abril, te aclama o prado,
Em sólio de esmeralda entronizado,
Da púrpura tivestes os primores.
Luzes qual Sol entre Astros brilhadores,
Se bem Rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.
Porém deixa a soberba, que te anela
Essa fragrância, essa beleza culta,
Pois somente em queimar-te se desvela:
Que se teu luzimento mais se avulta,
Esse alento, que exala, é morte bela,
Essa grã, que se veste, é chama oculta.