Hoje tens jóias de oriental princesa;
Sim! hoje toda adoração é pouca;
Ninguém te diz que a rosa da beleza
É como a bolha lapidada e oca.
E hão de fugir-te todos de surpresa,
Depois de terem tua arqueada boca
À venenosa boca deles presa,
Num só momento de vertigem louca.
Verás que o tempo em nós jamais tolera
Alegrias sem fim; e hão de uma a uma,
Como andorinhas de odorosa esfera,
Fugir, logo que o inverno o ambiente esfuma;
E o que é ser triste saberás. — Espera,
Vênus, que a onda inda embala e oscula a espuma...