À vida solitária
Que doce vida, que gentil ventura,
Que bem suave, que descanso eterno,
Da paz armado, livre do governo,
Se logra alegre, firme se assegura!
Mal não molesta, foge a desventura,
Na Primavera alegre, ou duro Inverno,
Muito perto do Céu, longe do Inferno,
O tempo passa, o passatempo atura.
A riqueza não quer, de honra não trata,
Quieta a vida, firme o pensamento,
Sem temer da fortuna a fúria ingrata:
Porém atento ao rio, ao bosque atento,
Tem por riqueza igual do rio a prata,
Por aura honrosa tem do bosque o vento.