Que pode já fazer minha ventura
que seja para meu contentamento?
Ou como fazer devo fundamento
de cousa que o não tem, nem é segura?
Que pena pode ser tão certa e dura
que possa ser maior que meu tormento?
Ou como receará meu pensamento
os males, se com eles mais se apura?
Como quem se costuma de pequeno
com peçonha criar por mão ciente,
da qual o uso já o tem seguro;
assi de acostumado co veneno,
o uso de sofrer meu mal presente
me faz não sentir já nada o futuro.