Quem vos levou de mi, saudoso estado,
que tanta sem-razão comigo usastes?
Quem foi? Por quem tão presto me negastes,
esquecido de todo o bem passado?
Trocastes-me um descanso em um cuidado
tão duro, tão cruel, qual me ordenastes;
a fé, que tínheis dado, me negastes,
quando mais nela estava confiado.
Vivia sem receio deste mal;
Fortuna, que tem tudo a sua mercê,
amor com desamor me revolveu.
Bem sei que neste caso nada val,
que, quem naceu chorando, justo é
que pague com chorar o que perdeu.