Vestido claro, sombrinha,
Fitas de cor no chapéu,
Ei-la que vai, pequenininha,
Como uma nuvem do céu.
O colo é branco, de neve.
Os dentes brancos e sãos.
A cinturinha tão breve
Que a gente abarca entre as mãos.
Não sei que cor, que palheta,
Possa, ao de leve, compor
A espiritual silhueta
Desses quinze anos em flor.
Doce, gentil, tentadora,
Fragílimo bibelot,
Lembra uma fina pastora
Das pastorais de Watteau.
Alma em botão, menina e moça,
Lindo primor de biscuit,
É a bonequinha de louça
Mais singular que eu já vi.
Tem ela, como dois tesouros,
Estes caprichos tafuis:
Só gosta de moços louros,
Só ama os olhos azuis.
Lá vai... E some á distância
O encanto do seu perfil.
Mas vai com tanta elegância,
É tão jovial, tão gentil,
Tão pluma, tão borboleta,
Que a gente, sem o supor,
Fica a sonhar na silhueta
Desses quinze anos em flor...