Dizem, que gostos, e desgostos não são mais que imaginação; porém melhor fora dizer, que gostos, e desgostos não são mais do que vaidades. Fazemos consistir o nosso bem no modo, com que os homens olham para nós, e no modo com que falam em nós; assim até nos fazemos dependentes das acções, e dos pensamentos dos mais homens, quando cremos, que eles nos atendem, e consideram; esta imaginação, que lisonjeia a vaidade, precisamente nos dá gosto; se por alguma causa imaginamos o contrário, a mesma imaginação nos perturba, e inquieta. Não há gosto, nem desgosto grande naquilo, em que a imaginação não tem a maior parte, e a vaidade empenho.