Heráclito, filósofo natural de Éfeso, rendeu-se a uma dor universal, condenando a ignorância de toda a vida, e de todos os homens; mas ainda, lamentando a existência de mortais, ele afirmou saber de tudo, enquanto o resto da humanidade não sabia de nada[1]. Mas ele também elaborou doutrinas avançadas, quase em acordo com Empédocles, dizendo que o princípio criativo de todas as coisas é a discórdia e a amizade, e que a deidade é um fogo dotado de inteligência, e que todas as coisas levam umas as outras, e que nunca estão paradas; e, assim como Empédocles, ele afirmou que o lugar que está sobre nós está repleto de coisas más, e essas coisas más alcançam uma distância estão tão longe como a Lua, e se estendem pelo quadrante situado ao longo da Terra, e elas não vão além, visto que o espaço além da Lua é mais puro. Isto é de Heráclito.

Após estes, vieram outros filósofos naturais, cujas opiniões nós não consideramos necessário comentar, (visto que) eles não falam nada de diferente em relação aos já estudados. Já que, entretanto, em conjunto, nenhuma escola considerável surgiu (deles), e subseqüentemente muitos filósofos naturais surgiram, cada um ensinando idéias contraditórias sobre a natureza do universo, parece-nos lógico que, explicando a filosofia que veio após Pitágoras, nós devemos recorrer às opiniões que vieram daqueles que viveram após Tales, e assim fornecendo uma explicação destes, nós devemos aproximar a consideração da filosofia lógica e ética que Sócrates e Aristóteles desenvolveram, o primeiro ético, e o último lógico[2].

Notas editar

  1. Prócluo, em seu comentário em Timaeus, de Platão, praticamente usa as mesmas palavras: "Mas Heráclito, baseado em seu próprio conhecimento universal, considera o resto da humanidade ignorante."
  2. Ou "entre esses, Sócrates um filósofo moral e Aristóteles, um lógico, desenvolveram seus sistemas".