Arquelau nasceu em Atenas, era filho de Apolodoro[1]. Essa pessoa, similarmente com Anaxágoras, ensinou sobre a mistura da matéria e enunciou seus princípios da mesma maneira. Este filósofo, entretanto, defendeu que há uma certa mistura; e que o princípio criativo do movimento é separação mútua de calor e frio, e que o calor se movimenta e o frio fica inerte. E que a água, ao dissolver, flui para o centro, onde o ar seco e a terra são produzidos, dos quais um é produzido de forma ascendente e o outro descendente. E que a terra está em repouso, e por causa disso veio a ter existência; e que repousa no centro, não sendo parte, por assim dizer, do universo, preservada da conflagração; e que da conflagração, o estado de ignição é a natureza das estrelas, das quais certamente a maior é o Sol, e próximo a este, a Lua; e o resto, um pouco menor, um pouco maior. E ele diz que o céu está inclinado num ângulo para que o Sol transmita luz sobre a Terra, fazendo com que a atmosfera fique transparente, e a terra seca; porque no início havia um mar, era altivo ao horizonte e côncavo no meio. E ele aduz, como uma indicação da concavidade, que o Sol não nasce e põe-se em todos os lugares ao mesmo tempo, o que deveria acontecer se a terra estivesse nivelada. E em relação aos animais, ele afirma que a Terra, sendo originalmente fogo na parte baixa, onde o calor e frio se misturavam, o resto dos animais apareceu, numerosos e diferentes[2], todos tendo a mesma comida, alimentando-se de grama; e suas existências foram de curta duração, mas depois uma geração após a outra ergueram-se e os homens foram separados do resto (da criação animal) e eles designaram chefes, leis, artes, cidades, e o resto. E ele assevera que uma mente é inata em todos os animais do mesmo modo; por isso cada um, de acordo com as suas diferenças de constituição física, empregou (a mente) de um modo mais lento ou mais rápido[3].

A filosofia natural continuou, então, de Tales até Arquelau. Sócrates foi o herdeiro destes (últimos filósofos). Entretanto houve muitos outros introduzindo várias opiniões a respeito da divindade e da natureza do universo; e se pudéssemos abordar todas as opiniões destes, seria necessário escrever uma vasta quantidade de livros. Mas, lembrando o leitor de quais filósofos devemos prestar atenção especial – quem merece menção por sua fama, e por ser, por assim dizer, os líderes daqueles que subseqüentemente desenvolveram os sistemas de filosofia, e por tê-los fornecido um ponto de partida para estes empreendimentos – vamos acelerar nas nossas investigações sobre o que é considerável.

  1. 440 a.C.
  2. Ou "ambos, muitos do resto do reino animais e dos homens" (ver Vidas de Diógenes Laércio, II:XVII).
  3. Há uma certa confusão nesta parte do texto, mas a tradução presente é provável, através de conjecturas. Uma outra forma ficaria assim: "por isso cada corpo emprega uma mente, às vezes rapidamente, outras lentamente.