... E (o feiticeiro), tomando (um papel), diz ao inquiridor[2] para escrever com água quaisquer questões que ele deseja perguntar aos demônios. Então, dobrando o papel e entregando ao atendente, ele o envia para jogar no fogo, porque a fumaça ascendente pode levar as cartas aos demônios. Enquanto o atendente está executando esta ordem, (o feiticeiro) primeiramente porções remove porções iguais de papel, e em outras partes ele finge escrever, o que os demônios escrevem[3], em caracteres hebraicos. Então, queimando incenso de magos egípcios, chamados de cyphi, ele toma estas (porções de papel) e as coloca perto do incenso. Mas (aquele papel) que o inquiridor escreveu, tendo colocado sobre o carvão, queima. Então (o feiticeiro), aparentando estar sobre influência divina, (e) se apressando em um canto (da casa), dá um grito alto e agudo, e ininteligível para todos... e ordena que todos os presentes entrem, gritando fora (ao mesmo tempo), e invoca Phryn, ou algum outro demônio. Mas após passar pela casa, e quando os que estão presente ficarem lado a lado, o feiticeiro, lançando o atendente em uma cama[4], grita muitas palavras, parcialmente em grego, e parcialmente em hebraico, (emcorporando) as encarnações costumeiras dos mágicos. (O atendente), entretanto, parte[5] para fazer a inquirição. E dentro (da casa), em um vaso cheio de água, (o feiticeiro) introduz uma mistura de sulfato, e derretendo a droga, tendo-a espalhado sobre o papel que obviamente foi introduzida a mistura de sulfato que apaga (as letras escritas no papel), ele faz com as letras ocultas apareçam, quando expostas à luz; e por estas, ele averigua o que o inquiridor escreveu. E se alguém escrever com a mistura de sulfato, e tendo triturado um galho, usar seu vapor como um fumigador, as letras ocultas ficarão visíveis. E se alguém escrever com leite, (e) então chamuscar o papel, rabiscar, apagar (o que havia rabiscado) sobre as letras escritas com leite, estas ficarão visíveis. E da mesma forma, urina, salmoura, suco de eufórbio, e de figo produzem um resultado similar. Mas quando (o feiticeiro) averigua a questão deste modo, ele faz de uma forma que sempre possa ser possível responder. E depois ele ordena a todos aqueles presentes para entrar, segurando ramos de louro e balançando-os, e gritando, invocando o demônio Phryn. Assim começam a invocá-lo[6]; e assim, ele pede aos demônios, já que (o inquiridor) não pode desejar por si mesmo, tendo perdido sua mente. O barulho cunfuso, entretanto, e o tumulto, previnem as pessoas de prestar atenção ao que o suposto (feiticeiro) faz em segredo. Mas essa é uma boa oportunidade para declarar o que são esses segredos.

Então uma escuridão considerável se faz presente porque o (feiticeiro) afirma que é impossível para os mortais verem coisas divinas, por isso apenas conversar (com estes mistérios) é suficiente. Fazendo o atendente se deitar (no sofá), com a cabeça para cima, e colocando em cada lado duas pequenas mesas, sobre as quais foram escritos, deveras, caracteres hebraicos, como se fossem nomes de demônios, ele diz que (um demônio) irá depositar o resto em suas orelhas. Mas esta (ação) é requisitada dependendo se um instrumento é colocado ao lado das orelhas do atendente, pelo qual é possível entender tudo que ele escolhe. Primeiro, entretanto, ele produz um que faz comque o jovem (atendente) fique assustado; e depois, ele faz um barulho de zunido; então ele fala[7] através do instrumento o que ele deseja que o jovem fale, e fica esperando o assunto da ocasião; depois ee faz com que os presentes fiquem quietos e se dirige ao (atendente) para dizer o que ele ouviu dos demônios. Mas o instrumento que é colocado ao lado de suas orelhas é um instrumento natural, a traquéia de um grou, cegonha ou cisne. E se nenhum destes está disponível, há também outros instrumentos artificiais (empregados); como certas gaitas de latão, dez em número, (e) juntando uma a outra, terminando em um ponto estreito, são adaptados (para aquele propósito), e através delas é falado à pessoa pelo ouvido qualquer coisa que (o mágico) deseja. E o jovem fica aterrorizado ao ouvir essas (palavras), como se fosse ditas por demônios, e diz as palavras quando ordenado. Se qualquer um, porém, colocar ao redor um galho umedecido, e tendo secado e extraído, e removendo a vara em forma de tubo, ele tem uma finalidade simlar. Não tendo qualquer um desses à disposição, ele pega um livro e, abrindo, estica o máximo que é requisitado, (e assim) obtém o mesmo resultado

Mas se alguém conhece de antemão que alguém que está presente está prestes a fazer uma questão, ele é o mais preparado para todas (as incertezas). Se, entretanto, ele já previamente averiguou a questão, ele escreve com a mistura, e, quando é preparado, ele é considerado[8] mais habilitado, por conta de ter claramente escrito o que seria perguntado. Se, no entanto, ele é ignorante da questão, ele cria conjectura, e faz afirmações duvidosas e de variada interpretação, a fim de que a resposta do oráculo, sendo originalmente ininteligível, possa servir para numerosos propósitos, possa servir para numerosos propósitos, e que os eventos da predição possam ser correspontes com o que acontece de verdade. Depois, tendo enchido um vaso com água, ele coloca (dentro dele) o papel, como se não tivesse averiguado, ao mesmo tempo que coloca a mistura de sulfato. Desta forma o papel flutua[9] (até a superfície), trazendo a resposta. Assim se oferece ao atendente formidáveis fantasias e também impressiona (os espectadores) atemorizados. Ao jogar incenso no fogo, ele novamente opera com o seguinte modo. Cobrindo uma massa com o que é chamado de "sal fossilizado" com cera etrusca, e dividindo a peça em duas partes, ele joga o incenso no sal; e de novo juntando (as peças), e colocando-as sobre carvão em brasas, deixando ali. E quando os sais são consumidos, até em cima, criam a impressão de uma estranha visão se formando. E a tinta azul-escuro que foi depositada no incenso produz uma chama vermelha, como já dissemos anteriormente. E (o feiticeiro) faz um líquido escarlate ao misturar cera com alcana, e, como disse, depositando a cera no incenso. E ele faz o carvão[10] se movido, colocando abaixo do alume em pó; e quando é dissolvido e se expande em bolhas, o carvão é movido.

Notas editar

  1. Tendo Hipólito exposto o sistema de influência sidereal sobre os homens, ele procede ao detalhar os ritos e operações dos feiticeiros. Este arranjo é conforme as divisões técnicas da astrologia em (1) judicial e (2) natural. Já que o primeiro lida com a predição de eventos futuros, e o segundo com fenômenos da natureza, torna-se assim aparentada à mágica.
  2. O texto aqui e no final do capítulo está, de certo modo, defeituoso.
  3. N.T.:Já que é uma embuste.
  4. Ou "almofada" (Cruice), "sofá" ou "alcova".
  5. Ou "sobe", "começa", "entra antes dos outros para fazer a oblação" (Cruice).
  6. Ou "zombá-lo".
  7. O abade Cruice considera essa passagem, atruibuindo toda essa algazarra aos artifícios dos feiticeiros, ser um argumento contra a autoria de Orígenes, já que ele afirma (Heri Arxwn, lib. iii. p. 144, ed. Benedict.) que os mesmos resultados são atrubuídos não a fraudes dos mágicos, mas a demônios.
  8. Ou "denominado".
  9. Ou "se levanta".
  10. Na margem do manuscrito encontramos as palavras "em relação ao carvão", "em ralação a sinais mágicos", "em relação a tolos".