Relatório da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus/Considerações gerais...
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Em páginas anteriores mostramos que bem pouco tempo nos restou para nos dedicarmos a outros estudos além dos que constituíam a nossa tarefa principal. Assim, quanto à estrutura da terra, à flora que a reveste, à fauna que a povoa, bem pouco podemos avançar com segurança.
Sobre a natureza dos terrenos os materiais que coligimos, fósseis e rochas, retemo-los ao Museu do Pará, entregando-os aos raros competentes no assunto. Mas conforme nos ponderou judiciosamente o Sr. Dr. Emilio Goeldi, digno diretor daquele estabelecimento, “a elaboração científica dos materiais coligidos está às vezes numa desproporção quase incrível com o tempo gasto em reuní-los.” Somente mais tarde poderemos ter, portanto, quaisquer conclusões a este respeito, quedando-nos por enquanto na dedução que firmamos em páginas anteriores, relativa ao dilatado horizonte geológico da formação própria do Pará.
Considerando vários cortes, que anotamos pela observação das barrancas do rio, vemos que comprovam aquela formação, até muito além da confluência do Chandless, a existência das três camadas características da Amazônia — de grés estratificado, argila e grés ferruginoso — cujos estractos numa justaposição variada formam os vários aspectos dos terrenos.
Em S. Miguel e pontos convizinhos este último grés dispondo-se em largos estratos de espessura insignificante, sobre formações argilosas, tem pela sua cor escura e brilhante, lembrando uma fusão superficial, um aspecto francamente eruptivo.
Pensamos que esta rocha mais bem estudada derramará muita luz na fisiografia da Amazônia. Dela resultam vários trechos perigosíssimos na vazante do Baixo Purus — em Cachoeira e no Pacoval, em Botafogo, onde o estreitíssimo canal passa encostado à pedra; em Caçaduá em Guajarahan, em que se vêem os destroços de seis lanchas; em Taquaquiri, Cantagalo, etc.
De Curanja para cima estas condições estruturais se transmudam, sendo os terrenos formados principalmente de um conglomerado muito consistente e de uma espécie de quartzito duríssimo, talvez ainda não definido pela ciência. De ambos trouxemos espécimes que entregamos aos mais competentes, para que se forme breve uma opinião a este respeito. O mesmo diremos quanto à vasta cópia de seixos rolados, de quartzo, oriundos, certo, de terrenos primitivos, graníticos. A sua ocorrência em tais lugares mostra-se de todo inexplicável.
Assim, sob este aspecto, a nossa contribuição se limita aos espécimes que colhemos, e confiamos à definição ulterior dos especialistas, sendo desvaliosas quaisquer considerações que fizéssemos a este respeito.
As mesmas restrições quanto à flora. Vimo-la sempre a relanços na travessia célere das nossas embarcações. Observações parceladas, sem a continuidade de esforço seguido e com a atenção sempre desviada para o nosso objetivo principal, nenhuns dados mais íntimos nos poderiam fornecer sobre tão amplo departamento das ciências naturais. Restringimo-nos por isto a indicar os gêneros que pela predominância do número, ou pelos seus caracteres incisivos, mais se nos impuseram à contemplação.
Notamos para logo uma circunstância que a uniformidade estrutural da região em grande parte explica: a constância do aspecto geral da floresta, que até às cercanias de Cataí não varia, dilatando-se por todo o desenvolvimento do rio com inalterável monotonia; o mesmo tom verde-escuro das folhagens e os mesmos renques de árvores de troncos quase retilíneos e unidos, destendidos pelo alto das barrancas.
A pequena altura relativa da mata, onde se destacam de momento em momento, á feição de grandes calotas esféricas, as frondes dominantes das samaumeiras, reflete bem a exuberância do solo que favorecendo a multiplicidade das espécies prejudica o desenvolvimento próprio de cada uma delas.
Além disto, as condições naturais do meio de algum modo se contrapõem à grande altura dos tipos vegetais. Realmente, estes dispondo, graças à umidade excessiva, de todos os elementos de vida, não precisam de os procurar nas camadas mais profundas do subsolo. Assim as árvores, de um modo geral, não têm o eixo descendente. As suas raízes irradiam diferenciadas em radículas fasciculadas, quase à flor da terra inconsciente e úmida que ao mesmo passo lhes favorece o crescimento e se opõe a uma exagerada altura capaz de as tornar instáveis. De fato, as que se destacam desta grandeza uniforme a qual desdobra num plano quase de nível as frondes das matas amazônicas criam dispositivos que lhes explicam o porte excepcional.
Consistem na formação tão característica das sapopembas, mercê das quais se alteiam as copas alterosas da samaúma e do caucho.
Apesar disto, às menores rajadas de uma tormenta é vulgaríssimo o fato da queda de numerosas árvores, desabando largos lances de floresta.
Não precisamos acrescentar que as matas só se desenvolvem nas zonas de terreno denominadas "terras firmes, " e que são as inacessíveis às enchentes comuns, claramente distintas dos igapós, sujeitos à invasão das águas nas enchentes médias; e sobretudo da vegetação característica das praias, verdadeiras restingas desenvolvidas em todas as voltas e somente visíveis nas vazantes.
Considerando-se as continuadas mudanças de leito, que notamos no Purus, vê-se que a função primacial desta última flora, consiste numa lenta e permanente conquista do solo. Assim que a constituem as oiranas (salix humboldtiana), as imbaúbas e as frecheiras, viçando — ora associadas, ora isoladas — em todos os lugares de formação recente, numa lenta evolução que vai preparando o igapó (prenunciado pelo aparecimento ulterior de uma laureácea, a que chamam louro do igapó), do mesmo modo que este, mais tarde, se transforma em floresta.
É tão bem pronunciada esta função da vegetação inferior, das praias do Purus, que, não raro, nós percebíamos, independente de nosso levantamento hidrográfico, um trecho recém-abandonado pelo rio à simples aparição de um largo trecho coberto de imbaúbas.
Esta floresta marginal desenvolve-se quase sem variantes até pouco acima de Curanja, onde, conforme uma exata observação de Chandless, desaparecem as oiranas, substituindo-a uma mimosa altamente artística, a calliandra trinervia, de longos ramos flexíveis, horizontalmente destendidos sobre as águas a ponto de se tocarem os que se defrontam, interrompendo a passagem dos rios estreitos, como observamos no "Cujar", à montante da confluência do "Cavaljane."
Nada mais podemos acrescentar, com segurança, além destas conclusões gerais, a que anexamos rápida notícia dos principais gêneros que nos foi dado observar. Compreende-se que fora de tais considerações bem pouco poderemos dizer sobre as inumeráveis espécies que constituem a flora admirável da região. Apontaremos as que se nos impuseram mais à observação.
Assim, entre as palmeiras: a paxiúba, que desde a foz do Purus até às suas cabeceiras, é a árvore mais empregada nas construções conhecidas daqueles lugares, onde as casas, barracões, ou tambos, desde a cobertura ao soalho e aos esteios são exclusivamente feitas de suas folhas e estipites; a jaci e o uricuri, empregadas na defumação de borracha; o jauari, profusamente disseminado e distinguindo por este fato aquela flora da do Baixo Amazonas, onde escasseia; a jarina e o patauá, também aplicados na cobertura das vivendas; o murú-murú, de estipite e folhas espinhosas; o buriti, aparecendo em geral afastado dos rios às margens dos igarapés; os açaís, de troncos flexíveis e altos. São os mais comuns. Excusamo-nos de dar-lhes os nomes científicos por demais sabidos, assim como as variadas e complexas aplicações que fazem os habitantes, de suas fibras, folhas e frutos.
Sucedem-se-lhes pelo número incalculável em que aparecem em todas as convexidades do rio, sobretudo do trecho que vai da confluência do Iaco à do Curanja, as imbaúbas destinadas, talvez, a vasto destino industrial na fabricação do papel e tecidos, mas reduzidas ali à função de garantir a terra contra a degradação exercida pelas águas.
Destacam-se na "terra firme", sobranceiras às outras árvores, as conhecidas bombaceas, samaúma e embirussú, de cujo líber se extraem fibras e estopa; mas reduzidas ao emprego local do calafeto das canoas e barcos.
Emparelham-se-lhes no avantajado do porte algumas leguminosas em que se distingue a colossal cumarú, tendo em seu nome científico, dipterix odorata, denunciado o seu maior emprego industrial; e uma lecitídea, a alta e reforçada tauary, de alburno que substitui entre os caboclos as palhas dos cigarros.
Quanto às madeiras de construção: o pau mulato, a massaranduba, a itaúba — proeminente no fabrico das canoas — os ipês e os cedros, surgem em todos os pontos, principalmente o primeiro, com o tronco de um polido rebrilhante, ora pardo avermelhado, ora levemente escuro, destacando-se de pronto entre os das outras árvores.
Ao mesmo tempo, uma observação mais íntima, mesmo para quem não se afasta muito das duas bordas do rio, revela outros tipos vegetais de porte mais humilde, mas de importância igual ou maior. Assim, sobretudo a partir do "Furo do Juruá" às últimas cabeceiras do Purus, se vêem numerosos cacauais (theobroma cacáo), adensados às vezes em agrupamento de plantas sociais, e em tal cópia que não exageramos prevendo um largo destino à sua cultura naquela região. Noutros pontos — e destacamos as cercanias de Cataí e de Curanja — é a baunilha (vanilla aromatica) claramente distinguida entre as outras e numerosíssimas orquídeas.
À par destas plantas tão úteis, poderíamos colocar outras, altamente nocivas, se não temêssemos alongarmo-nos demais. Citemos apenas, de passagem, uma que se encontra em profusão no Alto Purus. Chamam-na marona ou paca, em quichua, e, viçando às beiradas do rio, é grandemente temida em virtude das crudelíssimas feridas que produzem seus espinhos de forma igual à das unhas de gato, e escondidos como as deste animal.
Os poucos momentos de que dispusemos para estas observações, não nos permitiram maior cópia de dados acerca de uma flora que exigirá dilatados anos de investigações botânicas.
Propositadamente deixamos para o fim deste apanhado ligeiro as duas espécies que determinaram o desbravamento e o povoamento de tão extenso território em tempo relativamente curto: a seringueira (hevea brasiliensis), e o caucho (castilloa elastica). Dispensamo-nos de longas considerações botânicas ou técnicas sobre ambas, que têm sido objeto de muitas monografias especiais.
Sujeitos sempre aos dados das nossas próprias observações, indiquemos desde já, no último, um caráter mais cosmopolita que o da primeira. De fato enquanto a castilloa, a partir dos vales do Madre de Diós e do Ucaiale se derrama para o norte transpondo o divortium aquarum do Amazonas para ir florescer quase até além de Ituxu e outros rios do Baixo Purus — a hevea parece ir apenas até Cataí.
A natureza de ambas determinou a do povoamento.
De fato é geralmente sabido que o caucho, depois dos golpes oblíquos com que o sangram, e dos talhos nas sapopembas, mui poucas vezes resiste. A árvore morre da incisão, onde se geram logo inúmeros carunchos que a atrofiam. Por isto o caucheiro não a conserva numa exploração permanente: derruba-a logo para aproveitar, por meio de incisões circulares, de meio em meio metro, todo o leite que ela possui.
A seringueira, pelo contrário, resiste indefinidamente quase, aos talhos metodicamente dispostos nas arriações conhecidas — embora a degenerescência da casca nos pontos feridos e, ao fim de alguns anos, o aspecto das frondes estioladas e pobres de folhas, denunciam o enfraquecimento geral da árvore. De qualquer modo, porém, resiste; e um trabalho inteligente atenua consideravelmente os males destas sangrias anuais. Por isto o seringueiro a conserva.
Destas circunstâncias resultam, exclusivamente, os atributos das duas sociedades novas e originais que tratamos naqueles lugares.
O caucheiro é por força um nômade, um pesquisador errante, estacionando nos vários pontos a que chega até que tombe o último pé de caucho. Daí o seu papel notável no desvendar paragens desconhecidas. Todo o alto Madre de Diós e todo o alto Ucaiale foram entregues à ciência geográfica pelos audazes mateiros, de que é Fiscarrald a figura mais completa.
Nestas largas peregrinações, sendo inevitável o continuado encontro de tribos variadas, educouse-lhes a combatividade em constantes refregas contra o bárbaro, que lhes deram, conseqüentemente, mais incisiva que a feição que a feição industrial, a feição guerreira e conquistadora.
O seringueiro é por força sedentário e fixo. Enleiam-no, prendendo-o para sempre ao primeiro lugar em que estaciona, as próprias estradas que abriu, convergentes na sua barraca, e que ele percorrerá durante a sua vida toda. Daí o seu papel, inegavelmente superior, no povoamento definitivo.
De qualquer modo não podemos negar a ambos uma função notabilíssima no atual momento histórico da América do Sul.
De fato, sem eles toda a vasta região que vai de norte a sul das últimas cabeceiras do Inambary à foz do Tarauacá, numa extensão de 7º de latitude, e a que de leste a oeste se desdobra dos Pampas do Sacramento às margens do Madeira, com 13º de longitude, seria ainda o deserto.
Demonstra-lo-ia, claramente, um esboço do povoamento do Purus.
Foi muito rápido e deve-se o princípio a alguns homens abnegados: William Chandless, de serviços que jamais cessaremos de relembrar; Manoel Urbano, um mestiço inteligente e bravo que inegavelmente guiou os primeiros passos do grande explorador; e Fiscarrald e Collazos que desceram da parte alta do Purus.
Efetuada em 1865 a viagem utilíssima de Chandless, as conseqüênciasdos informes que prestou não se fizeram esperar.
Baste notar-se que já em 1870, Canotama centralizava as primeiras barracas esparsas que em breve se estenderiam pela máxima extensão do grande rio. Precisamente naquela época ali aparecera um homem, Antonio Rodrigues Pereira Labre, que completou os esforços dos dous primeiros notáveis pioneiros.
Não precisamos alongar-nos na relação conhecida de suas fecundas explorações geográficas visando essencialmente uma comunicação do Purus com o Beni, ligando o Amazonas com os vastos campos bolivianos de Exaltação e de "los Reyes".
A cidade de Labrea atestará perenemente o seu valor e a influência que exercia nesses lugares — ao mesmo passo que a travessia do istmo Sepahua e as explorações do Madre de Diós constituirão a eterna glória de Fiscarrald Collazo.
Infelizmente não podemos fixar em números positivos os povoamentos quer do baixo, quer do Alto Purus, pelo temor natural de quaisquer lacunas ou enganos cujas responsabilidades avaliamos.
Reservamo-nos, por isto, para apresentar aos nossos governos os dados que obtivemos, desde que no-los reclamem, ou se tornem eles necessários.
Neste relatório timbramos em avançar apenas as proposições de que estamos plenamente seguros. Podíamos tê-lo feito maior, mas não mais firme no travamento de suas conclusões.
Por isto terá, certo, muitas lacunas, mas acreditamos que não poderá ser contestado em nenhuma de suas conclusões gerais. E a convicção de que trabalhamos com o melhor boa vontade pelas nossas Pátrias, aliando o amor que cada uma delas nos inspira à mais completa imparcialidade no terreno profissional, esta convicção é o melhor prêmio dos nossos esforços e dos nossos sacrifícios.
Manaus, 15 de Dezembro de 1905.
Euclides da Cunha.
Pedro A. Buenaño.
Confluência «Cujar-Curiúja»
Observações realizadas nos dias 11, 12, 13 e 14 de Agosto (friagem)
Algumas medições realizadas no Purus e seus afluentes | ||||||
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Denominação | Profundidade na vasante | Largura na vasante | Largura na enchente | Características físicas | Volume | Observações |
Paraná-pixuna (margem direita) | 5,50m | Água preta | - | Aflui perto de uma barreira onde se observa uma formação de grés ferruginoso (Pará-sandstein). | ||
Jacaré (margem direita) | 5,50m | 130 | 219 | Água clara | Inexplorado em quase toda a extensão. Ali se erigia em 1864 a primeira maloca flutuante dos índios Pamaris. | |
Magoari (margem direira) | 1,50 | 10 | 25,5 | Antigo Purú-puru-canêra (ossos dos puru-Purus). Ai foram, outrora, trucidados os pamaris em um grande combate com os muras. | ||
Cachimbo (margem esquerda) | 3 | 15,20 | 63,35 | |||
Curacurá (de baixo) (m. d.) | 3 | 33,30 | 45,50 | Antigamente dizia-se Aracurá. | ||
Mahã (margem esquerda) | 0,60 | 3 | 46 | Antigamente Humahan; boca de lago. | ||
Tapauá (margem esquerda) | 425 | Biparte-se na foz, formando uma ilha com o caráter mui sensível de um delta. | ||||
Cunhuá (margem esquerda) | 0 | Em seco | 120 | |||
Pamafari (de cima) (m. esq.) | 0,80 | 3,20 | 28 | Ou Pamahary-y, por onde seguiam outrora os pamaris para o Juruá. | ||
Pamafari (de baixo) (m. esq.) | 1,60 | 12 | 60,25 | |||
Curacurá (de cima) (m. d.) | 0 | Seco | 56,20 | |||
Caratiá (margem esquerda) | 4,30 | 12 | 47 | Perto está o sacado do mesmo nome aberto em 1900. | ||
Mucuim (margem direita) | 3,68 | 38,25 | 60,30 | |||
Anhafurrá | 3 | 52,90 | 105,80 | Antigamente Mafarrá. | ||
Apitauã (boca de lago) (m. e.) | 3,20 | 35,0 | 56,80 | Em 1863 viam-se na sua foz as primeiras aldeias dos Jamamadis. Dizia-se Apituan. | ||
Cainaã (margem esquerda) | 3,41 | 41 | Figura-se ser antes a boca de um lago. Dizia-se outrora “Caynaham”. | |||
Mufuá | 3,20 | 20 | 42,60 | Boca de lago. Antigo Mufauá. | ||
Ituxi (margem direita) | 9,25 | 154,80 | 329,50 | Água preta | Devastado pelo impaludismo. | |
Amaciari (margem esquerda) | 0,20 | 4,30 | 28,56 | Boca do lago do mesmo nome. Outrora “Maciary”. | ||
Jurucuá (de baixo) | 10 | 140,25 | 250 | Sacado em 1903. Outrora “Hyurucuá”. | ||
Jurucuá (de cima) | 1,40 | 120 | 208 | Idem. Idem. | ||
Marrahã (margem direita) | 10,40 | 22 | ||||
Mamoriá (margem esquerda) | 8,40 | 25,21 | ||||
Sepatini (margem direita) | 9,40 | 43 | 68,35 | |||
Jauari (margem direita) | 1,60 | 15 | 31,8 | |||
Canacuá (margem direita) | 0,60 | 6,60 | 27,25 | |||
Assimã (margem direita) | 1,80 | 8,60 | 26 | |||
Seariã (margem esquerda) | 2 | 9 | Boca de lago. Antiga maloca de Hypurinãs. Esccrevia-se “Siariham”. | |||
Tumiã (margem direita) | 2,50 | 12 | 24,40 | Água preta | Em 1863 ali havia seis malocas de ipurinãs. | |
Abunini (m. esq.) | 1,50 | 8 | 25 | |||
Afuri (m. d.) | 1,30 | 6,40 | 25 | Pedras que aparecem logo adiante, fronteiras a uma barreira. | ||
Mamoriá (m. esq.) | 3,80 | 40 | 60 | Tem varadouro para o Tapauá. | ||
Seruini (m. d.) | 3 | 14 | 26,75 | Água preta | ||
Inari (m. esq.) | 1,40 | 13 | 26,30 | Boca de lago. Escrevia-se dantes “Hynahary”. | ||
Pauini (m. esq.) | 3 | 70 | 126 | |||
Peneri (m. d.) | 1,40 | 9,80 | 21,50 | |||
Teuini (m. esq.) | 3,40 | 32,30 | 50,40 | Água preta | Antigo Seuini. Em 1863 povoado de Ipurinãs e Jamamadis nas cabeceiras. | |
Inauini (m. esq.) | 4,20 | 55,50 | 69 | Idem | ||
Acre (m. d.) | 5,95 | 77 | 158,75 | Água amarelada. Temperatura = 24,5°C | 694m³, 278 por segundo. Nível médio. Medição em 3 de maio de 1905. | Temperatura do Purus antes do Acre 26,1 °C. Idem depois do Acre 25,80 °C |
Iaco ou Iacu (m. d.) | 3,68 | 76,14 | 102 | Temperatura = 27,2 °C | 169,086m³ | Chandless dá-lhe a temperatura de 25,4°C (1865). Muito represado pelo Purus. Velocidade absoluta = 0,35m, sendo a do Purus, ali de 1,67m. Nas grandes cheias dizem que comunica com o Acre por um furo. |
Macapá (m. esq.) | 2,60 | 27,80 | Água clara | |||
Chandless (antigo Aracá) (d. m.) | 2,50 | 75 | 93 | Temperatura = 28,25°. Cor parda avermelhada. | 11,020m³ na vazante | Muito represado. Velocidade absoluta 0,146m. Nas cheias, porém, faz refluir, às vezes, o Purus. |
Furo do Juruá (ou furo Tarauacá) (m. esq.) | 0,50 | 9 | 51 | Água parda | De suas cabeceiras vara-se para o Jurupari, afluente do Tarauacá. Ali encontrou Manoel Urbano os primeiros índios Maneteneris. | |
Santa Rosa (Curinaha) (m. esq.) | 2,20 | 43 | Cor parda esverdeada | 0,797m³ na vazante. | Cabeceira habitada por índios Coronauas, bravios. Varadouro para o Curanja e o Juruá. | |
Chambuiaco (m. d.) | 9,76 | 19,17 | Branca | 0,123m³ na vazante | Muito remansado na vazante. Corrente insensível. | |
Curanja (Curumaá) (m. esq.) | 0,60 | 64 | 91 | Água pardacenta | 9,116m³ | Vara-se para o Juruá pelo Envira e pelo Santa Rosa. |
Independência (m. d.) | 18 | Cor branca | ||||
Santa Cruz (m. d.) | 22 | Cor branca | ||||
Cocama (m. d.) | 16,80 | 32,20 | Cor branca | |||
Maniche (m. esq.) | 0,45 | 18 | 33,60 | Cor branca | 3,120m³ na vazante | |
Chambuiaco (Apitirijá) (m. d.) | 0,50 | 26,20 | 68 | Cor branca | 1,318m³ na vazante | É o Manoel Urbano, de Chandless |
Tingoleale (m. d.) | 13,34 | Cor branca | Junto do povoado de índios “Campas” do mesmo nome. | |||
Ronsocoiaco (Rio dos Patos) (m. d.) | 0,32 | 10 | 32,50 | Temperat. 26°. Cor clara. | 0,564m³ | É o rio dos Patos, de Chandless. |
Curiúja | 40 | 75 | Temperat. 26°. Cor clara. | 7,8161m³ | Vara-se para o Inuia, Urubamba e Ucaiale. | |
Cujar | 41 | 50 | Temperat. 26°. Cor clara. | 8,522m³ | 73 cachoeiras e corredeiras. Vara-se pelo Pucani, o mais meridional dos galhos do Purus, para o Sepaua, Urubamba e Ucaiale. | |
Cavaljani | 12 | Temperat. 26°. Cor clara. | 0,963m³ | Neste no Cujar e no Curiúja houve pequenos repiquetes aumentando o volume. |
Diferentes larguras e profundidades do Purus | |||
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Largura | Profundidade | Observações | |
Abaixo da confluência Cujar-Curiúja | 170m | 0,60m | Em julho e agosto. |
Antes da confluência do Iaco | 129m | 2,75m | Na vazante largura = 81m |
Depois da confluência do Acre | 236m | Na vazante largura = 157m | |
Antes de Cachoeira | 319m | Na vazante largura = 253m. Velocidade - 3 milhas por hora. | |
Depois da confluência do Tapauá | 606m | ||
Perto do lago Ubim | 600m | ||
Na foz, no Solimões | 1.618m |
Diferenças de nível entre as máximas e mínimas águas | em metro |
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Na Confluência Cujar-Curiúja | 6,45 |
Na Confluência Iaco | 20,90 |
Na Confluência Acre | 23 |
Na Confluência Solimões | 17 |
Distâncias itinerárias de vários pontos do Purus, contadas da foz